Congresso

Apresentação

O Congresso Grande Idade é a oportunidade de nos juntarmos pela primeira vez, presencialmente, depois dos tempos complicados causados pela COVID e que muito alteraram a vida de todos os que trabalham na área do envelhecimento.

Foram dois anos em que muitos problemas foram notícia de primeira página, tempos em que ficaram a descoberto as insuficiências das ofertas de serviço e de cuidados na institucionalização e os desajustamentos do modelo que seguimos para acompanhar as pessoas idosas que se vêem obrigadas a recorrer a terceiros.

Dois grandes temas surgem com necessidade de discussão: o que se vai seguir na institucionalização e que modelo pretendemos afirmar no terreno evitando dúvidas, disparates e equívocos.

Quando pensamos no futuro imediato somos obrigados a assumir a necessidade de reflectir sobre o que fazemos na institucionalização de pessoas idosas. Não nos basta ficar por detrás da parede, escondendo os mais fracos e fragilizados para não incomodar o normal funcionamento da sociedade. Se nos colocamos por detrás do muro temos que oferecer garantias às pessoas que levamos para lá: segurança, dignidade, o mínimo de conforto e comodidade, a manutenção de alguma funcionalidade e cuidados de final de vida decentes.

Temos que reinventar a tipologia que existe e implementar novas tipologias, destinadas a situações específicas como a saúde mental e a funcionalidade. De reflectir sobre a discriminação no financiamento de cuidados e serviços entre o sector privado e o sector publico. Somos obrigados a aprofundar a discussão em relação à racionalidade das ofertas que se repetem em poucos metros quadrados fazendo-nos gastar naquilo que não é essencial. Faz sentido colocarmos em causa a liderança do sector dos cuidados e serviços a pessoas idosas e exigir um planeamento de uma rede nacional que possa responder às actuais necessidades.

O Outro grande tema diz respeito ao modelo desenvolvido nos serviços a pessoas idosas institucionalizadas. Uma das graves confusões e causas de desentendimento durante a pandemia foi pensar-se nos lares de idosos como serviços de saúde quando eles são serviços sociais. A resposta à pandemia requeria serviços de saúde mas os lares não estão, na grande maioria dotados desses serviços. Foram feitos para cuidados e serviços sociais e a existência de enfermeiro e médico é apenas para tranquilizar consciências e não para prestar cuidados com eficácia. É necessário discutir-se o que pretendemos no futuro.

Um tema transversal e cada vez mais actual vai também fazer parte deste dia de trabalho destinado ao Congresso: trata-se de falar sobre as vantagens do aumento da esperança de vida e as suas consequências que cada vez se mostram mais dolorosas e discutíveis. É preciso ter coragem para definitivamente discutirmos este assunto e questionar se a ciência tem aumentado os anos de vida para viver com saúde ou para viver com sofrimento.

São estes os 3 temas que vamos discutir durante um dia com painéis sem grande controlo de tempo de intervenção abrindo a discussão num modelo de debate entre convidados, oradores e público em geral.

Uma discussão que queremos que tenha consequências práticas e que abra portas a novas iniciativas legislativas, novas vontades e reformas fundamentais em algumas entidades que lideram a institucionalização em Portugal.